jueves, 10 de mayo de 2012


A estranha beleza do mundo
Começa onde muitas coisas terminam
No abraço que despede ao corpo querido
No sussurro do fim da voz
No último brilho de um sol poente
No quase recordar-se do detalhe remoto
Que não obstante permanece esquecido
A estranha beleza do mundo
É conteúdo para todo sentido
Mas sua presença infinita em tudo o que é ou pode ser
Faz dela uma certeza ausente
Uma intuição permanente
Que se esconde cada vez mais distante
Se por ela se busca obstinadamente
A estranha beleza do mundo
Requer do mundo um voto de silêncio
Convida a um deixar-se estar
Mais que por amor
Por pura boa vontade
E assim
Goteando suas maravilhas
De maneira tão impertinente
Essa estranha beleza realiza-se profunda e lentamente
Como aquilo que passa sempre despercebido de muitos
Pese a ser tão minuciosamente observado por outros
A estranha beleza do mundo tem um pacto com o tempo
Nunca puderam concordar sobre forma, ritmo ou objetivo
E por isso nunca se convidam a tertúlias no chá das cinco
Mas se respeitam profundamente
E sempre que podem
Dançam em silêncio
Ao meio deste gigante salão
Que em outras prosas se chama vida.





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