A estranha
beleza do mundo
Começa onde
muitas coisas terminam
No abraço
que despede ao corpo querido
No sussurro
do fim da voz
No último
brilho de um sol poente
No quase
recordar-se do detalhe remoto
Que não obstante
permanece esquecido
A estranha
beleza do mundo
É conteúdo para
todo sentido
Mas sua
presença infinita em tudo o que é ou pode ser
Faz dela
uma certeza ausente
Uma intuição
permanente
Que se
esconde cada vez mais distante
Se por ela
se busca obstinadamente
A estranha
beleza do mundo
Requer do
mundo um voto de silêncio
Convida a um
deixar-se estar
Mais que
por amor
Por pura
boa vontade
E assim
Goteando
suas maravilhas
De maneira tão
impertinente
Essa
estranha beleza realiza-se profunda e lentamente
Como aquilo
que passa sempre despercebido de muitos
Pese a ser tão
minuciosamente observado por outros
A estranha
beleza do mundo tem um pacto com o tempo
Nunca
puderam concordar sobre forma, ritmo ou objetivo
E por isso
nunca se convidam a tertúlias no chá das cinco
Mas se
respeitam profundamente
E sempre
que podem
Dançam em
silêncio
Ao meio
deste gigante salão
Que em outras
prosas se chama vida.
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