Pergunto-me quando
Transformei-me em mãe de meu amante
Em desejo de meu inimigo
Em esperança de um desconhecido
Em ternura para minhas irmãs
E dou-me conta
De tudo isso que vem passando
Pouco a pouco
Como a água de um córrego perdido
Que suavemente
Imprime suas marcas
Sem pressa e sem pausa
E eis que a vida correu suas águas
E me trouxe-me plácida a beira de outro rio
De outra foz de mim mesma
A que vejo tão concreta
Inesperada,
Surpreendente em seu encontro com outro mar.
E sei que estava longe
Caindo qual uma cachoeira
Que cria mundos imprevistos
Aos quais recebo agora
De braços abertos
E com todas as rugas
Que enfim
Faço minhas.
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